Como venho fazendo nos últimos meses considero oportuno aproveitar datas que comemoram – do latim, commemoratio, de commemorare, “lembrar-se, trazer à mente” – para lembrar e abordar doenças de impacto em saúde pública ou de grande repercussão humana.
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Essa semana, no dia 29 de outubro, se comemorou o Dia mundial do AVC, data sobre a qual já abordei aqui na coluna e que faço questão de retomar.
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também conhecido como derrame, acontece quando vasos que levam sangue ao cérebro entopem ou se rompem, provocando a paralisia da área cerebral que ficou sem circulação sanguínea.
Com um risco global ao longo da vida de 1 em 4 (25%!), é uma doença que acomete mais os homens sendo a causa mais frequente de óbito na população adulta no Brasil e uma das maiores causas de morte e incapacidade no mundo.
Minutos podem salvar vidas
Mais que diagnosticar e salvar 5,5 milhões de vidas, é fundamental que tenhamos o esforço de melhorar os resultados para os 9 milhões de pessoas que sobrevivem ao derrame a cada ano.
E para isso é importante que levemos ao público uma ampla conscientização sobre os sintomas da doença. Todos podem conhecer os sinais e agir rapidamente para que uma pessoa seja socorrida. E os serviços de saúde devem ter as referências de atendimento onde protocolo de excelência são empregados com melhores resultados e menos sequela.
Em se tratando de AVC, minutos salvam vidas, mais que conscientizar o público sobre os sinais e fatores de risco, é essencial cobrar a tomada de decisão dos gestores de saúde, em todos os níveis, para que adotem medidas que melhorem a prevenção, o acesso ao tratamento na fase aguda e o suporte para os sobreviventes de AVC e para seus cuidadores.
Sinais de alerta
Existem dois tipos de AVC: o isquêmico, presente em 80% dos casos, que ocorre quando há o entupimento de vasos sanguíneos em alguma área do cérebro; e o hemorrágico, quando um vaso intracraniano rompe. A principal causa é a hipertensão arterial descontrolada, mas podem estar associados a aneurismas cerebrais e malformações arteriovenosas.
Entre os sinais de alerta mais comuns, estão: fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo; confusão mental, alteração da fala ou da compreensão; alteração na visão, no equilíbrio, na coordenação, no andar; tontura e dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente.
SAMU
Para diagnosticar o AVC isquêmico se utiliza um acrônimo chamado SAMU, que facilita o reconhecimento clínico. Você deve pedir para a pessoa:
SORRIR: como o AVC afeta a coordenação motora e especialmente os músculos da face, fique atento se você perceber que o sorriso da pessoa não está simétrico (semelhante dos dois lados).
ABRAÇAR: o AVC causa fraqueza e/ou falta de controle sobre os membros. Pessoas com AVC dificilmente conseguem levantar os braços ou movê-los de forma coordenada.
MÚSICA/MENSAGEM: o AVC afeta a capacidade de se comunicar corretamente. Se você pedir para a pessoa cantar uma música ou falar uma mensagem e os sons saírem descoordenados ( ou esquecê-la), são fortes sinais de que algo errado está acontecendo.
URGÊNCIA: pediu para a pessoa sorrir e percebeu assimetria? Para abraçar e ela não foi capaz? Para cantar uma música e não soou correto? Essa pessoa precisa ser socorrida o mais rápido possível! Chame o SAMU (número 192).
No caso do AVC hemorrágico, o sintoma que mais chama a atenção é a dor de cabeça. Normalmente é uma dor súbita, intensa, descrita como a “pior da vida”. E a dor pode ser acompanhada de outros sinais como sonolência excessiva.
Lembre-se existe uma janela de oportunidades de tratamento. Alguns mais eficazes se realizado num período de até 5 horas. Evitam sequelas.
Prevenção do AVC
Por fim, o mais importante, prevenir. Cerca de 80% dos AVCs são evitáveis com bom estilo de vida. Os principais fatores de risco são pressão alta, diabetes, tabagismo, obesidade e sedentarismo. Muitos deles são fatores que podem ser modificados com a adequação dos hábitos de vida diária. Aqui vão eles:
- Não fumar;
- Não consumir álcool;
- Não usar drogas;
- Manter alimentação saudável;
- Manter o peso ideal;
- Beber bastante água;
- Praticar atividades físicas regularmente;
- Manter a pressão e a glicose sob controle.
29 de outubro-Dia Mundial da Psoríase
Outra doença que também é celebrada no mesmo dia do AVC, é a psoríase. Doença que é descrita desde períodos bíblicos e que por muito tempo foi confundida com a hanseníase (“lepra”) e por isso também foi objeto de muito estigma e falta de diagnóstico e abordagem correta.
Estima-se que 3% da população mundial, isto é, 125 milhões de pessoas em todo o mundo, sofrem com os sintomas da psoríase, sendo 5 milhões apenas no Brasil. Estima-se que só na capital do RS tenhamos cerca de 25 mil pessoas acometidas por psoríase.
A psoríase é uma doença inflamatória predominantemente da pele, mas pode acometer unhas e articulações (“juntas”), ela é crônica e recorrente, ou seja, os sintomas desaparecem e reaparecem periodicamente. A doença é não contagiosa, caracterizada pela presença de manchas róseas ou avermelhadas e recobertas por escamas esbranquiçadas.
As manchas acometem preferencialmente a região dos cotovelos, joelhos e couro cabeludo, no entanto, qualquer região da superfície corpórea pode ser acometida. A pele pode estar ressecada e rachada, às vezes, com sangramento. Pode haver coceira, queimação e dores esporádicas. Além disso, pode haver o aparecimento de unhas grossas, descoladas, amareladas e dor em pequenas ou grandes articulações.